Árbitro de polêmico Atlético-MG x Cruzeiro abre o jogo e faz grande revelação

O mineiro Igor Júnior Benevenuto se tornou o primeiro árbitro FIFA a se assumir gay, em entrevista ao podcast “Nos Armários dos Vestiários”, o juiz manifestou publicamente sua orientação sexual pela primeira vez.

Igor destaca que sempre soube que era gay, mas que que precisou criar um personagem para poder entrar no meio do futebol. Ele também afirma que cresceu odiando o esporte muito por conta do ambiente hétero normativo que gira em torno dele:

“O futebol é um esporte que eu cresci odiando profundamente. Não suportava o ambiente, o machismo e o preconceito disfarçado de piada. Para sobreviver na rodinha de moleques que viviam no terrão jogando bola, montei um personagem, uma versão engessada de mim. Futebol era coisa de ‘homem’, e desde cedo eu já sabia que era gay. Não havia lugar mais perfeito para esconder a minha sexualidade. Mas jogar não era uma opção duradoura, então fui para o único caminho possível: me tornei árbitro.”

Benevenuto conta que foi na Copa de 1994 que se apaixonou com o apito, muito por conta das camisas vibrantes usadas pelos árbitros naquele torneio:

“A Copa do Mundo de 1994 foi um estalo para mim. Foi o primeiro campeonato que parei para assistir, por obrigação, é claro. Brasil x Rússia, estreia do Brasil. Olhei a televisão e me interessei imediatamente e exclusivamente pela figura diferente que estava em campo: o árbitro. Foi justamente naquele ano que a Fifa aprovou a mudança dos uniformes dos juízes para o Mundial dos Estados Unidos. O preto deu lugar a cores vibrantes — camisas prateadas, amarelas e rosa. Fiquei enfeitiçado pelo combo — as cores e o cara que controlava tudo. No dia seguinte, na pelada com os meninos, avisei que não iria mais jogar. Queria comandar a partida, e foi assim que comecei a apitar e ressignificar minha relação com o futebol.”

Árbitro Igor Júnior Benevenuto já foi ameaçado por marcar pênalti para o Atlético-MG

O clássico entre Atlético x Cruzeiro na primeira fase do Campeonato Mineiro, foi marcado pelo pênalti polêmico assinalado por Igor Júnior Benevenuto do zagueiro Oliveira em Hulk. Embora na transmissão da partida, Renata Mara Arcanjo tenha concordado com a marcação e a FMF também tenha dito concordar com a marcação do árbitro, diversos comentaristas e torcedores não concordaram.

Lamentavelmente, torcedores mais exaltados ameaçaram Igor Júnior Benevenuto, que precisou adiar sua volta para casa após o jogo por conta de ameaças que recebeu. Em entrevista ao Sportv, o árbitro afirmou que as ameaças começaram antes do jogo e se intensificaram após o apito final. Confira:

“Horas antes do clássico, eu recebi várias mensagens de ameaças. Falando que se eu marcasse pênalti contra determinada equipe, que eu ia ver com essas pessoas, que sabem onde eu moro. E após o jogo, meu Instagram e WhatsApp viraram uma tristeza. Só mensagens abusivas, falando que vão me pegar, que vão me matar.”

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