Ex-jogador do Atlético-MG conta os bastidores de Ronaldinho pelo clube
O que Ronaldinho Gaúcho fez com a camisa do Atlético Mineiro está impresso nas memórias dos torcedores atleticanos: os dribles geniais, as assistências e os gols de placa. Os bastidores do atleta no Galo é que são pouco conhecidos, o camisa 10 sempre teve um gosto pela noite, mas nunca teve nenhum problema extra campo em sua passagem pelo Atlético.
Em entrevista ao espn.com.br, o volante Serginho, de 35 anos, atualmente no Santo André, contou um pouco dos bastidores do craque no Galo. Segundo o volante, R10 era uma pessoa extremamente tranquila de se lidar:
“Se alguém falar mal do Ronaldinho no Galo, você arruma briga! Não pelo jogador que ele foi, todo mundo sabe o que ele era capaz, mas pela pessoa. Dentro de campo já tínhamos visto ele atuar em altíssimo nível nos outros clubes, não era novidade. A maior expectativa era o dia a dia dele, a pessoa. Nos surpreendeu positivamente.”
Serginho também revelou que R10 sentia muito por não poder estar em todos os momentos com seus companheiros:
“Uma vez a esposa do Pierre armou uma festa surpresa com todo elenco do Atlético-MG. Quase todo mundo ia para as festas dos filhos dos jogadores. O único problema é que o Ronaldinho não podia ir nesses eventos… Porque, para mim, era normal conviver com ele no dia a dia; mas para a minha família não era. Daí ele nunca poderia aproveitar as festas, porque o pessoal no buffet ia ficar em cima dele. Ele entendia, agradecia os convites e ficava chateado de não poder ir.”
Rivalidade nos rachões
Os rachões são uma tradição do futebol brasileiro, é aquele treino que marca o fim da preparação de um partida. É um treino mais descontraído, onde geralmente os atletas fazem um coletivo e trocam as posições. Geralmente o goleiro vai para a linha, o zagueiro para o ataque e por assim em diante. Apesar de historicamente o rachão ser um treino mais descontraído, no Galo de 2013 ele era coisa séria, é o que revela Serginho:
“Eu (Serginho) era presidente de um time, e o Pierre, de outro. O Ronaldinho era do time dele, e o Cuca, do meu. A gente levava muito à sério, e valia muita coisa. Uma vez, o Cuca machucou o (Leandro) Donizete em um rachão, para você ter uma noção. Não tinha goleiro no ataque ou centroavante na defesa. Pessoal ficava bravo quando perdia.” “Quando perdia, o Pierre falava que o Ronaldinho não tinha ido bem. Daí o Ronaldinho falava que ia para o meu time, e o Pierre não aceitava que ele mudasse (risos). Rolava muita resenha.”
Serginho também destacou a rotina de treinos pouco usual do craque:
“Ele ia para os treinos com as chuteiras desamarradas. A gente brincava que ele tinha uma rouparia em casa, porque, depois do treino, ele não ia para o vestiário tomar banho. Só deixava a chuteira no vestiário e ia para o carro, embora direto. No dia seguinte, ele chegava no CT já trocado, só calçava a chuteira e nem amarrava.”
Apesar da rotina diferente, o volante revelou que R10 se dedicava muito após os treinos:
“Dentro de campo, o que ele fazia era um absurdo. Depois do treino, a gente parava, ficava ele brincado com a bola, sozinho, treinando faltas… Ele treinava muito bater rasteiro para a bola passar por debaixo da barreira. Você tentava repetir e não conseguia.” O volante ainda completou: ““Ronaldinho pedia para o goleiro bater um tiro de meta para ele dominar a bola no meio de campo. Era impressionante! Ele dava passes de costas, de canela e calcanhar!”
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